sábado, 28 de junho de 2014

PASSOS COELHO - A CORAGEM DE DIZER "NÃO" A RICARDO SALGADO. UM POST A NÃO PERDER.

            

A coragem de dizer "não"!

 Expresso, sábado 28 de Junho de 2014                    

1 -O "não" de Passos Coelho a um pedido desesperado de Ricardo Salgado é um acontecimento que vale a pena registar, pelo pedido em si e pela decisão do primeiro-ministro.No primeiro caso, por aquilo que revela pelas práticas usuais de um passado de cumplicidade e promiscuidadeentre o poder político e o poder económico e financeiro. No segundo caso, pela coragem invulgar do chefe do Governo, em contraste com aquilo que aconteceu em governos anteriores.
Quando Ricardo Salgado, segundo relatos do Expresso não desmentidos, pede a Passos Coelho que o Governo patrocine uma garantia da Caixa Geral de Depósitos e do BCP de dois milhões de euros para salvar o Grupo Espírito Santo, isto mostra o quê? Duas coisas óbvias, desde logo: primeira, o estado de necessidade extremo da família Espírito Santo, segunda, que Ricardo Salgado ainda não percebeu que, desde 2011, Portugal não é o mesmo país a que ele estava habituado.
Mas revela outra coisa, mais profunda e mais estruturante: a opacidade nas relações entre a esfera política e a esfera empresarial, uma marca indelével da economia portuguesa, à sombra da qual prosperaram grupos e sectores protegidos e interesses individuais. O caso mais recente foi o assalto ao BCP, executado com o patrocínio político e financiado pela mesma via. Outro foras as parcerias público-privadas aplaudidas até à insanidade por políticos e banqueiros, com a notável excepção de Fernando Ulrich. Quem não se lembra que , com o cataclismo à vista, Ricardo Salgado ainda defendia as grandes obras ?
Passos Coelho disse "não" a Ricardo Salgado. Fez bem. Se isso significa, ou significar, uma rutura do poder político, atual e futuro, com estas práticas, a economia ficou melhor e a democracia também. Importante é que não seja um ato isolado, resultante da fragilidade  do Grupo Espírito Santo, mas a definição de um princípio que deve nortear o poder político: deixar ao privado o que é do privado, defendendo os interesses dos contribuintes que não têm culpa dos erros e problemas daqueles que pensam que mandam no país.
2 - Coragem é o que é preciso para acabar rapidamente com a guerra que ameaça a estabilidade do Banco Espírito Santo. O pior que pode acontecer é o banco acabar por ser contagiado pelos problemas da família que lhe dá o nome. Em termos bolsistas o BES vale hoje quase metade daquilo
que já valeu no último ano. Alguém tem de colocar um ponto final nisto. E esse alguém é o Banco de Portugal. O Governador tem gerido este processo com cautela e rigor. Mas não pode deixar arrastar os problemas. Continuidade ou rutura? Sim ou não? Carlos Costa tem de decidir. Rapidamente.

1 Comentários:

Às 29 de junho de 2014 às 13:39 , Anonymous Anónimo disse...

PPC disse não a RES, mas será que podia dizer sim? Essa a dúvida que o jornalista tinha a obrigação de apurar ... e informar o público !!!

 

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