terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PASSOS COELHO ACREDITA NA HISTÓRIA DAS CEGONHAS...




Opinião

                          Natalidade não nasce do ar 


   
Alexandra Machado 


Passos Coelho ainda não tinha desfraldado a bandeira da natalidade. Portugal precisa de população e, por isso, o primeiro-ministro anunciou a criação de uma comissão (mais uma!) para preparar um plano de acção que promova a natalidade em Portugal.

É um assunto recorrente. José Sócrates até prometeu o cheque-bebé. Nunca foi passado, até porque com a crise que se instalou prometia ser cheque careca

Agora foi a vez de Passos Coelho. Quer mais bebés a nascer em Portugal. E todos concordamos que isso é importante. Mas a pessoa que agora quer incentivar a natalidade é a mesma que lidera um governo que cortou os benefícios fiscais associados à educação e à saúde, que cortou salários, que cortou o abono de família Portugal atingiu recordes, nestes anos, de depressão colectiva, de desemprego e de nascimentos. É a mesma pessoa que estimula a emigração jovem, os jovens que ajudariam, se emprego tivessem, a sustentar a segurança social, e claro que ajudariam a aumentar a natalidade.

E, por isso, a primeira medida que Passos Coelho deveria promover para aumentar o nascimento de bebés em Portugal era garantir que os jovens não saem do país à primeira hipótese. E hoje muitos saem para não voltarem.

A natalidade não se garante por decreto. É preciso condições. E, neste momento, não há condições.

Passos Coelho fala de natalidade, quando há pouco tempo o seu próprio partido, o PSD, protagonizava no Parlamento, o triste episódio do referendo da coadopção.

Episódio que ainda não terminou e que toma um assunto muito sério num espectáculo político que afasta os cidadãos do poder legislativo. Já agora um parêntesis: sou a favor da coadopção e da adopção de crianças por casais do mesmo sexo. E estou, mesmo, a pôr o interesse da criança em primeiro. As crianças para adopção estão sem família por muito bem tratadas que sejam e até na adopção por casais de sexo diferente a avaliação dos candidatos a pais é feita. E aqui, nesta avaliação, que tem de haver cuidado e critério. Independentemente de serem casais do mesmo ou de diferente sexo.

Mas isto é a adopção. Voltemos à natalidade. Portugal precisa de mais crianças. Mas também precisa de jovens trabalhadores. Também precisa de empregos. Precisa de confiança e esperança Estarão, realmente, reunidas as condições para "decretar" mais bebés?  


Jornal de Negócios 2014.02.25

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