segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ÓSCAR PARA O MELHOR FILME VAI PARA...OS MISERÁVEIS



Pedro Sousa CarvalhoPedro Sousa Carvalho ( DiárioEconómico )

.Não, não é ‘Os Miseráveis' de Victor Hugo. É ‘Os Miseráveis' de Vítor Gaspar. O filme conta a história de um jovem, de seu nome Gaspar, que se apaixona perdidamente por uma bela donzela, de seu nome Austeridade.

Não, não é ‘Os Miseráveis' de Victor Hugo. É ‘Os Miseráveis' de Vítor Gaspar. O filme conta a história de um jovem, de seu nome Gaspar, que se apaixona perdidamente por uma bela donzela, de seu nome Austeridade. Gaspar acaba por ficar obcecado pela sedutora Austeridade e, apesar da sua estratégia do custe o que custar, no final do filme, acaba por ser traído pela sua amada.

Os técnicos da ‘troika', que neste filme fazem o papel de vilões, aterram hoje na Portela para mais uma avaliação, a sétima, do programa de resgate. Como sempre, vão ser recebidos por uma batalhão de jornalistas, câmaras e flashes, que nem estrelas de Hollywood. Desta vez também vão ter à sua espera, em cada esquina, alguém a cantar a ‘Grândola, Vila Morena', candidata nos Óscares a melhor banda sonora. E como grandes especialistas em economia que são, os técnicos da ‘troika' vão tentar perceber na oitava avaliação porque é que as coisas que eles previram na sexta avaliação não aconteceram nesta sétima avaliação.

As últimas previsões da Comissão Europeia para Portugal e os primeiros dados da execução orçamental de Janeiro descredibilizam e arrasam por completo a política que está a ser seguida pela ‘troika'. A recessão em 2013, já se sabe, vai ser o dobro do previsto, e para o desemprego, só este ano, serão mais 50 mil face ao valor anteriormente estimado.

Gaspar continua impávido e sereno. Ou tem alguma na manga, ou é um grande actor. Diz que não está preocupado, porque tem um plano B, ou seja, antecipar 800 milhões dos quatro mil milhões de cortes de despesas previstos para o próximo ano. Não sei alguém já reparou mas o plano B de Gaspar inicialmente era para acautelar alguma derrapagem na execução orçamental; depois passou a ser visto como um trunfo caso o Tribunal Constitucional venha a chumbar algumas normas do Orçamento do Estado; e agora pelos vistos também serve para acomodar o impacto negativo das novas previsões de Bruxelas. Isto não é um plano B, isto mais parece um canivete suíço, dá para tudo.

Os dados da execução orçamental que saíram na sexta-feira são mais do mesmo. As despesas com o subsídio de desemprego a crescerem 33,2% em Janeiro, quando as previsões para a totalidade do ano apontam para um crescimento de apenas 4,7%. E as receitas do IVA a caírem 4%, muito aquém da subida de 2,2% estimada para 2013. E este filme já nós vimos no ano passado. Não vale a pena repetir a receita da austeridade. O resultado vai ser mais do mesmo.

Antigamente, nos cinemas das aldeias passava, vezes sem conta, o mesmo filme de índios e cowboys. Havia quem fosse ver a mesma película umas cinco, seis vezes e já sabia o enredo de cor e salteado. Quando o índio ia atacar o cowboy, havia sempre alguém na plateia que já sabia a história e que se levantava a gritar: ‘Olha que ele te deu um tiro ontem homem. Se não tomares cuidado ainda levas outro hoje'. Dito e feito. Quando vemos Gaspar no filme ‘Os Miseráveis', também apetece gritar: ‘Não te apaixones outra vez pela Austeridade. Olha que ela já te traiu ontem".





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