terça-feira, 3 de janeiro de 2012

" O CLÃ DUARTE LIMA E O POLVO LARANJA"


Lá diz o povo, a verdade é como o azeite. Acaba sempre por vir à tona...


1- A partir de 2008 torna-se evidente que a operação Face Oculta foi redireccionada pela investigação e pelos Media para passar a visar principalmente Sócrates. Era preciso derrubar Sócrates e mudar de governo, porque havia gigantescos interesses em jogo e, em particular, o caso BPN prometia dar cabo do PSD.

2. Das fraudes do BPN ignora-se ainda hoje a maior parte. Trata-se de uma torrente de lama inesgotável, que todos os nossos Media evitam tocar.

3. O agora falado caso IPO/Duarte Lima, de que Isaltino também foi uma peça fulcral, nem foi sequer abordado durante o Inquérito Parlamentar sobre o BPN , inquérito a que o PSD se opôs então com unhas e dentes, como é sabido. A táctica então escolhida pelo polvo laranja foi desencadear um inquérito parlamentar paralelo, para averiguar se Sócrates estava ou não a «asfixiar» a comunicação social ! Mais uma vez, uma produção de ruído para abafar o caso BPN e desviar as atenções.

4. Mas é interessante examinar como é que o negócio IPO/Lima foi por água abaixo.

5. Enquanto Lima filho, Raposo e Cia. criavam um fundo com dezenas de milhões , amigavelmente cedidos pelo BPN de Oliveira e Costa, Isaltino pressionava o governo para deslocar o IPO para uns terrenos de Barcarena, concelho de Oeiras. Isaltino comprometia-se a comprar os terrenos (aos Limas e Raposo, como sabemos hoje) com dinheiro da autarquia e a «cedê-los generosamente» ao Estado para lá construir o IPO. Fazia muito jeito que fosse o município de Oeiras a comprar os terrenos e não o ministério da Saúde, porque assim o preço podia ser ajustado entre os amigos vendedores e compradores, quiçá com umas comissões a transferir para a Suíça.

6. Duarte Lima tinha sido vogal da comissão de ética (!) do IPO entre 2002 e 2005, estava bem dentro de todos os assuntos e tinha óptimas relações para propiciar o negócio. Além disso, construiu a imagem de homem que venceu o cancro, história lacrimosa com que apagava misérias anteriores. O filho e o companheiro do PSD Vítor Raposo eram os escolhidos para dar o nome, pois ao Lima pai não convinha que o seu nome figurasse como interessado no negócio.

7. Em Junho de 2007 Isaltino dizia ainda que as negociações para a compra dos terrenos em causa estavam 'em fase de conclusão' (só não disse nunca foi a quem os ia comprar, claro). E pressionava o ministro da Saúde: 'Se se der uma mudança de opinião do governo, o cancelamento do projecto não será da responsabilidade do município de Oeiras.'

8. Como assim, 'mudança de opinião do governo'?

9. Na verdade, Correia de Campos apenas dissera à Lusa que o governo encarava a transferência do IPO para fora da Praça de Espanha e que estava a procurar um terreno, em Lisboa ou fora da cidade, para esse efeito. Nenhuma decisão tinha sido tomada, nem nunca o seria antes das eleições para a Câmara de Lisboa, que iam realizar-se pouco depois, em Julho de 2007.

10. No decorrer do ano de 2007, porém, a Câmara de Lisboa, cuja presidência foi conquistada por António Costa, anunciou que ia disponibilizar um terreno municipal para a construção do novo IPO no Parque da Bela Vista Sul, em Chelas, Lisboa. Foi assim que se lixou o projecto Lima-Isaltino: o ministro Correia de Campos não cedeu às pressões de Isaltino e a nova Câmara de Lisboa pretendia que o IPO se mantivesse em Lisboa. Com Santana à frente da autarquia e um ministro da Saúde do PSD teria tudo sido muito diferente. E os Limas e Raposos não teriam hoje as chatices que se sabe. E Duarte Lima até talvez já tivesse uma estátua no Parque dos Poetas do amigo Isaltino.

11. Sabemos como, alguns meses depois deste desfecho, o ministro Correia de Campos foi atacado por Cavaco no discurso presidencial de Ano Novo, em 1 de janeiro de 2008. Desgostado com as críticas malignas do vingativo Presidente, Correia de Campos pediu a sua demissão ainda nesse mês. Não sabemos o que terá levado Cavaco a visar dessa maneira um ministro do governo Sócrates, por sinal um dos mais competentes. Que Cavaco queria a pele de Correia de Campos, foi bem visível. Ele foi a causa do fracasso do projecto do IPO/Oeiras e dos prejuízos causados ao clan do seu amigo Duarte Lima e ao polvo laranja (ª). É bem possível que essa tenha sido a razão. (ª) - é bom que se entenda que o polvo laranja tem o seu pai no Senhor Silva, hoje PR, que nunca falou sobre o BPN, mas o lodo deste senhor é bem maior !!! Oxalá Portugal fosse uma França !!!


(Post de Joaquim Fernando Fonseca, 2011-12-31 )

1 Comentários:

Às 4 de abril de 2012 às 23:12 , Anonymous Anónimo disse...

Esta é uma história verdadeira....

... ao contrário daquelas que têm circulado na imprensa e nalguns blogs.

Apesar do que tem sido dito, o Dr. Isaltino Morais não exerceu qualquer pressão para que o IPO fosse deslocado para o concelho de Oeiras. Foi o Ministério da Saúde que tomou a iniciativa de contactar o Município de Oeiras à procura de terrenos para instalar o referido complexo hospitalar. E o Município de Oeiras prontamente se disponibilizou para colaborar com o Ministério da Saúde tendo proposto uma série de alternativas. Foi o Ministério da Saúde que escolheu a hipótese de Leceia.

Só que durante o decorrer deste processo o executivo da CML demitiu-se levando à realização de eleições autárquicas antecipadas. É então que o Dr. Correia de Campos, ministro da Saúde à época, telefona ao Dr. Isaltino Morais dizendo que o seu colega de partido, Dr. António Costa, não concorda com a decisão de transferência do IPO para Oeiras. E nesse sentido, a decisão de implantar o IPO em Oeiras fica sem efeito.

Fica portanto provado que o Dr. António Costa exerceu uma pressão ilegítima sobre o Dr. Correia de Campos para evitar que o IPO fosse transferido para Lisboa. Com agravante de que quando chegou à presidência da CML, o Dr. António Costa disponibilizou um terreno para o IPO que implicava custos de aquisição a suportar pelo Ministério da Saúde. De notar que o terreno em Oeiras seria oferecido pela CMO.

Ou seja, todos estes dados permitem concluir que o Dr. Isaltino Morais agiu sempre de boa fé neste processo. O que não se pode dizer do Dr. António Costa que exerceu uma influência ilegítima e que viola claramente as regras da ética republicana.

Actualmente o IPO continua na Praça de Espanha e não existem perspectivas para que possa ter instalações novas num futuro próximo. Se a decisão de construir o IPO em Leceia tivesse sido mantida provavelmente este já estaria a funcionar em novas instalações. António Costa é o responsável. Boicotou o interesse público e causou graves prejuízos ao país. Isto é o que acontece quando os interesses particulares se sobrepõem ao interesse público.

Tenho dito.

 

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