quarta-feira, 16 de junho de 2010

TARRAFAL, ALDEIA DA MORTE



-Ao folhear as páginas deste livro, não resisti à tentação de transcrever algumas passagens, para que na nossa memória não se apaguem os 48 anos de ditadura:

-"Foi na vila do Tarrafal, do arquipélago de Cabo Verde, que se instalação o campo de concentração , mais conhecido pela Aldeia da Morte, destinado aos que lutavam pelo fim da ditadura fascista, instalada em Portugal.
-Quando os primeiros deportados chegaram, encontraram pedregulhos, vento, calor e mosquitos. Então ainda não havia as casernas, nem o «Posto de Socorros», nem a cozinha, nem as oficinas. Tudo isso se fez depois. O que havia já, era o arame farpado e a água do poço. Fizeram uma toscas barracas de lona e, passados alguns meses, morreram os primeiros oito reclusos... Só num dia morreram três... depois mais três... e mais dois... Os cadáveres foram transportados a pau e corda para o cemitério. Então ainda não havia o luxo da camioneta.
-Depois, abriu-se a pedreira e mandou-se fazer uma marreta que pesava uma arroba. Sob os raios quentíssimos do sol, os forçados arrancavam e transportavam a pedra e, em longa e interminável fileira custodiada por soldados negros, acarretavam a água do poço para as necessidades do povo da aldeia. Quando um escravo caía, vítima do paludismo mortífero, outro era imediatamente escolhido para o substituir. E, depois, como se tudo isso não bastasse, construíu-se a célebre «Frigideira»...isto é: - a antecâmara do cemitério. A «Frigideira» é um bloco de cimento, dentro do qual há um orifício onde emparedam os reclusos que caem na desgraça de não agradar aos que estabelecem as ordens.
-Sob a acção do sol, a temperatura vai subindo dentro do buraco...sobe...sobe...sobe!... O desgraçado ou desgraçados que lá estão, vão suando... suando... até ficarem cozidos e depois assados. É claro que, submetidos a esse tratamento, morrem muito mais depressa, sobretudo quando o ingresso no buraco se faz ao som das chicotadas do cavalo marinho rasgando as costas dos condenadod às quais se seguem os consagrados rigores do jejum periódico forçado."

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