segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CENTRO DE SAÚDE MOSCAVIDE

O Centro de Saúde com mais utentes do concelho de Loures, o de Moscavide, é o que dispõe de piores condições. Pessoas em cadeira de rodas não têm acesso a consultórios e os utentes queixam-se de que chove lá dentro.

Passam poucos minutos das sete da manhã, mas o centro de saúde de Moscavide já tem uma longa fila de utentes, a maioria idosos, que aguarda de pé, à porta.
Deonilde Martins, 66 anos, não podia ter chegado mais cedo, porque veio da freguesia vizinha da Portela - que não dispõe de Centro de Saúde próprio, apesar dos mais de 15 mil habitantes .
"Não compreendo como uma freguesia tão grande como a Portela não tem direito a um Centro de Saúde", desabafa Deonilde Martins, aparentemente satisfeita por ter encontrado alguém para a ajudar a passar o tempo. "Mas não vale a pena a gente queixar-se porque não há maneira de as coisas melhorarem".
A habitante da Portela até teve sorte: vai conseguir consulta nesse dia, mas só daí a duas ou três horas. "Dá para ir a casa e voltar, mas só de pensar em atravessar isto tudo…", diz Deonilde Martins.
Quando entram no centro de saúde, depois de esperarem horas de pé, quantas vezes sujeitos ao frio e à chuva, os utentes estão longe de encontrar as condições ideais. A degradação do equipamento é evidente, os gabinetes apertados e desadequados, as salas de espera desconfortáveis. Os utentes garantem mesmo que já tem chovido lá dentro.
O centro de saúde funciona há cerca de 40 anos num prédio de habitação com três pisos, em cujo rés-do-chão, para piorar ainda mais as coisas, está instalado um dos dois únicos CATUS do concelho de Loures, o quinto mais populoso do país. Ao todo, o equipamento serve cerca de 140 mil pessoas de dez freguesias.
A escadaria que sobe até ao terceiro, tão acanhada que mal permite que duas pessoas se cruzem, dá acesso a um pequeno labirinto de corredores estreitíssimos, repletos de gente de pé.
Elevador, nem vê-lo. "Quando há pessoas de cadeira de rodas ou outras que não conseguem subir as escadas, têm de vir os médicos cá abaixo", explica ao JN um idoso de muletas, que prefere não se identificar. "Por enquanto, vou-me esforçando", diz, pouco antes de começar a penosa subida.

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